Desculpem os desabafos…
Queridos pais,
Quero partilhar com vocês uma carta, direi mais um desabafo, que encontrei aqui no meu computador, esta semana. Estava na Austrália, já a trabalhar com famílias, ou melhor, a desesperar com as famílias, a ver diante dos meus olhos famílias a desmoronar-se. A-ssus-ta-dor! Como era possível que crianças alterassem, comandassem e não acrescentassem aquele casal? A cair como um castelo de cartas? E as saudades com que falavam dos tempos antigos em que eram só os dois… a sofrer e a desejar, muitas vezes, que tudo voltasse a ser como era dantes! E ali, sem fazerem a menor ideia de como fazer para salvar o casamento, salvar a sua própria família.
Confesso que aperfeiçoei uma palavra ou outra, mas a base e essência está toda aqui. Vivi tempos de muita revolta e de um processo interior e percepção do mundo GIGANTES. Este processo e sofrimento deram-me a força que precisava para estar aqui hoje com uma vontade inabalável de vos ajudar aí em casa.
Tenho a maior das convicções de que tudo se trabalha e conquista com sucesso, se encaminhados e direccionados para o sítio certo. É isto que falta a muitas famílias, falta a resposta para “E agora o que é que eu faço?” Essa é a minha “especialidade”. é precisamente, guiar-vos, com o melhor que eu sei no sentido de fortalecerem esse Castelo. Vou ajudar-vos a construir não um Castelo de cartas, mas um Castelo de cimento, bem sólido e inquebrável.
Estou aqui, porque vocês merecem, a vossa família merece!
O meu desabafo começa assim…
“PAIS, vocês complicam tudo!
Vocês fazem com que eles cresçam a achar que são um peso pesado nas vossas costas.
Quantas vezes ouço “ai estou deserta que ele cresça para poder viajar e aproveitar a vida”. Concluo que os pais fazem uma espécie de “pausa” nas suas vidas, porque está na hora de ter filhos, então vamos lá a isto! Programam que “ter um filho único nem pensar!” e, por isso, têm 2 ou 3 quase de seguida. Muitos, ficam pelo caminho neste projecto a dois, porque entretanto, nasce o primeiro e já não há qualquer condição financeira (porque é para dar tudo do bom e do melhor ao existente) e depois condições psicológicas (já está a casa numa confusão e os pais já nem sabem bem dizer quem são).
Eu amo crianças, sempre quis ser mãe de uma equipa de futebol e agora não quero ser mãe. O que é que vocês estão a fazer comigo?
Eu vejo, ouço e sinto como as famílias vivem – TERRÍVEL! Eu quero viajar e ser livre, não quero aturar birras a tempo inteiro. Elas consomem o tempo todo. Mas isto é mesmo assim? Muito tenho pesquisado sobre o tema e reflectido sobre ele.
A conclusão é que os pais complicam tudo, a vida das criancinhas e, especialmente, a vida deles próprios.
Os pais complicam a tarefa já difícil de educar. Aliás, devíamos todos parar de dizer que educar é uma tarefa difícil, porque eu acho que é isso que serve de desculpa a tantos pais, nos dias de hoje.
Quando as crianças nascem, eles, de facto, deixam de viver. Deixam de sair com os amigos, deixam de ir ao ginásio, deixam de dormir e de dormir até com os companheiros de uma vida, deixam de comer à mesa, em família. Até nos carros eles se separam e a mãe habitualmente passa a ir lá atrás com a criancinha, não vá ela precisar de alguma coisa no “imediatamente”. TERRÍVEL!
Oh Céus! Depois é tudo o resto. É a independência que os pais, sem querer, claro, acabam por criar nos filhos, que os atrofia. A falta de autonomia, a falta de poder de “desenrasque”, como se eles fossem sempre uns “`tadinhos”. Em portugal é isto que se diz. Aqui é mais “poor thing”! Bah!
São as idas ao parque em que os pais têm de estar por perto, porque brincarem sozinhos, mesmo que em casa, nem pensar! Os pais fazem questão, muitas vezes, em sacrifício, de estar ali de corpo presente, para que as criancinhas não se sintam sozinhas, NUNCA, `tadinhas e se sintam acompanhadas, porque para os pais brincar com filhos = amor de mãe e pai. Bah!
É o programar do dia para que ELAS se sintam FELIZES E ENTRETIDAS. Nem pensar actividades para adultos, sem que elas não estejam a fazer “alguma coisa” que seja próprio para a idade delas, ou integradas de alguma forma. Então pais procuram amigos/casais com filhos, se for da mesma idade melhor ainda!. “Carolina, nesta meia hora antes do jantar, podes fazer alguma coisa para as entreter, por favor?” – “WHAT?” – Eu lá sou alguma pessoa que entretêm crianças? Eu? Não! Não é suposto, por Amor de Deus! Elas que usem a imaginação, as suas coisas e procurem, se lhes apetecer, estarem entretidas com alguma coisa, senão aguardem, que só lhes faz é bem! Crianças entretidas constantemente não sabem esperar, não estão satisfeitas com nada, não têm concentração, nada. Gosto demasiado delas para lhes fazer isto.
Mas ISSO seria TERRIVEL – “não sejas má, Carolina!” – “´tadinhas!”. Crianças a “apanhar secas” nem pensar! Então, claro que o ritmo dos pais muda, para o ritmo delas e tudo muda para bem delas, para elas e tudo elas. Então, quando dão conta os pais já não sabem quase o seu próprio nome e sabem que são os pais da Maria ou do Manel. E por ali andam, a viver as suas vidas, absorvidos, na vida delas, desejando que a criancinha cresça para passar para a próxima fase. Porque esta já não se aguenta, `tadinhas! Andam de actividade em actividade e os fins de semana estão ocupados. Porquê? Porque a criancinha tem sempre uma criancinha amiga que vai dar uma festa de anos, daquelas de arromba, apesar de só fazer 4 anos (nem imagino as festa de 18 anos!)
Não dormem, porque as criancinhas querem dormir com eles, querem colo de hora em hora, querem fazer da maminha uma chucha, até há aquelas que comem papas durante a noite e vêem bonecos. E os pais a acharem e a acreditarem que “é o ritmo deles, temos de respeitar! Vamos aguentar, porque é só (mais) uma fase!`Tadinhas, “este nasceu assim, é daqueles que é terrível para dormir, não gosta.” E os anos passam e o pesadelo persiste. Mas vai melhorar… Haja ESPERANÇA!
Na televisão já não se vê os canais que víamos, as séries, o telejornal. O que seria as criancinhas ouvirem e saberem que há um mundo horrível lá fora, com crianças a passar fome e a morrer em guerras desgraçadas, que há Homens maus, que roubam crianças, que há crianças que morrem atropeladas, porque, passam sempre a estrada pela mão e pela passadeira, mas sozinhas não saberão nada de como fazer. Na TV agora vemos o BABY TV, depois a Disney e o Panda…
Oiço pais a queixarem-se da enorme despesa que é ter um filho e é inegável, mas, principalmente, se se comprar roupas XPTO e se o carrinho tiver de ser o mais confortável do mundo, o mais bonito, o mais moderno. Sim, assim fica muito caro ter filhos. Então, se eles tiverem que ter escolha nos sapatos, nas cores, nos tons do chapéu, etc, mais ainda. E se tiverem de ter aquela boneca, aquele jogo, aquele brinquedo, aquela playstation, ui aí ainda ficará mais cara a brincadeira.
Ter filhos é realmente uma canseira. Uma ida ao supermercado é uma guerra de poderes, um fim de semana pode ser um pesadelo, MESMO fazendo de tudo para agradar a criancinha, ela parece sempre insatisfeita com tudo e todos, `tadinha. “Não sei mais o que fazer para ela ser feliz!” – diz a mãe, desesperada.
Pudera!!!! Tudo acontece à sua volta e ela, sem vocês quererem está a ser tratada como um/a “Príncipe/Princesa” que pouco difere, para eles, de um tratamento de “REI/RAINHA”. Sabem que mais? Aproveitem esta energia para tratarem os vossos pais e companheiros assim, como verdadeiros Reis e Rainhas. Vocês os dois sim: precisam de se sentir bem, deixem que as crianças sejam um fruto que acrescenta e não vos tira nem um fio de cabelo. Educar é difícil sim, mas, no fim de contas é muito mais fácil do que imaginam.
Ainda assim, francamente, pensarei muito bem se quero este desafio para mim, no futuro, apesar de ter a consciência de que existem formas de viver a parentalidade. Tenho consciência de que criar seres humanos é criar um mundo para melhor ou não. E que se tomar esse passo, é esse o meu compromisso comigo mesma – criar um mundo melhor.
Porque se for para criar Príncipes|Princesas, frágeis e indefesas, mimadas e narcisistas – não contem comigo!”
E vocês? Que estão vocês a criar?
Não resisti em publicar esta desabafo comigo mesma. Nesta altura, ainda nem sonhava que era possível ser hoje uma Coach Parental, desejosa por ajudar a vossa família.
Hoje, sou uma Carolina empenhada em ajudar na criação de um mundo melhor, com pessoas melhores, começando em cada casa, em cada família.
Hoje, acredito e sei que é possível ser diferente e continuo a desejar a equipa de futebol.
Continuo a achar que educar e a missão dos pais não é fácil, mas pode ser menos difícil do que imaginam.
Fiz o que pude pelas minhas famílias no mundo, até chegar aqui, ao meu país, cheia de energia e força para vos ajudar aí em casa.
Marquem uma sessão em http://me.carolinavalequaresma.com/ e vamos juntos trabalhar nisso.
VOCÊS MERECEM E A VOSSA FAMÍLIA TAMBÉM! 🙂