Crianças Confiantes

“Ter confiança é quando acreditamos em nós, é ir para a frente.”, diz a Madalena de 7 anos. A confiança em nós próprios é aquilo que nos permite tomar decisões, avançar mesmo com medo e amarmo-nos acima de qualquer coisa. Ser confiante é também ser resiliente, acreditar que vai passar e que vai ficar tudo bem e que o caminho é “por ali”.

É possível educar para ser confiante?

Quem não gostaria de ter a certeza que o seu filho será confiante enquanto crescer e ser mais tarde um adulto cheio de confiança nele próprio? Eu adoraria que os meus fossem!

Há uns anos atrás os pais não investiam muito tempo a olhar para os filhos, a ver o que eles estavam a fazer ou o que se passava com eles. O que é certo é que no outro extremo hoje em dia, os pais passam a maior parte do seu tempo a olhar para e por eles. O que é que isto tem a ver com a confiança dos mais novos? Absolutamente tudo.

Antigamente, os pais não se perdiam em elogios ou em dar muita importância àquilo que representavam importantes passos no nosso crescimento. Era natural para eles e, por isso, mereciam poucos aplausos. Em 2020, o mais pequeno acontecimento é uma festa. Fazemos até bolinho em cada mês até fazer 1 ano de idade. Tudo é celebrado e elogiado com bastante intensidade e ênfase. Isto tem mesmo a ver com educar crianças confiantes? Tem completamente tudo a ver.

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Os pais de há umas gerações atrás tomavam pouco conta dos filhos, davam-lhes muita liberdade, ao mesmo tempo muita responsabilidade. Começavam a trabalhar desde cedo e em casa, cada um tinha as suas funções a cumprir. Atualmente, os pais fazem os trabalhos de casa dos filhos e sufocam-nos nas quatro paredes de casa, porque lá fora é tudo muito perigoso. E são sempre muito novos para terem responsabilidade. Responsabilidade, liberdade e confiança estão associadas? Estão intimamente ligadas.

Traumas? Os mais velhos nem a palavra conheciam, muito menos, consciência de onde poderiam surgir e os porquês. A palavra “trauma” na minha geração é utilizada a troco de nada, porque sim e porque não. Isso acaba por justificar não dizer o “não”, permitir levar pontapés dos filhos, deixá-los jogar até altas horas da noite e a lista continua. Faz sentido falarmos de traumas quando estamos a falar de confiança? Sem dúvida nenhuma que sim.

É no meio termo destes comportamentos que encontramos o equilíbrio para sermos mais confiantes e educarmos nessa direção. Perdemo-nos na fuga do regresso ao passado e neste presente estamos perdidos na mesma.

Como ajudar uma criança a ser mais confiante?

Evitar rótulos como “tu és terrível!”, “és envergonhada”, “ele tem uma personalidade muito forte”, tudo aquilo que é dito pelos pais e pelos outros é integrado como sendo uma verdade absoluta.

Elogiar por tudo e por nada faz com que a criança crie a ilusão de que faz tudo bem e, superficialmente poderá parecer que aumenta a sua auto-estima, contudo quando a criança convive com outras realidades sente que afinal não é totalmente verdade, o que gera uma enorme frustração, às vezes tristeza, afetando a sua imagem de si própria.   

Superproteger impede a criança de crescer, logo, de se desenvolver de forma confiante. As crianças que vivem sob os olhares dos adultos são crianças que precisam de validação para tudo. E têm dificuldade em tomar as suas próprias decisões. A superproteção faz com que a criança sinta medos, inseguranças e no fundo, uma criança superprotegida é uma criança desprotegida.

Vitimizar a criança, o dizer “coitadinho” parece ser apenas uma expressão indefesa, mas habitualmente vem acompanhada de gestos e ações por parte dos adultos que acaba por fazer com que a criança se sinta inferior, o que prejudica fortemente a sua auto-confiança.

Seguindo outro comportamento, o que pode acontecer?

Os olhares permanentes sobre as crianças prejudicam a sua auto-confiança, assim como, os elogios desmoderados e gratuitos, a falta de liberdade e excesso de zelo e proteção. A escassez de responsabilidade que leva jovens-adultos a serem incapazes de ir a uma entrevista de trabalho, sequer de se relacionarem com amigos ou mesmo ter um(a) namorado(a).

Entre príncipes e princesas, coitadinhos e terríveis, piratas e envergonhados – os rotúlos-destruidores-construtores da nossa auto-confiança ditos pelas pessoas que mais amamos.

Temos trabalho a fazer. Convido-vos a repensar na forma como estamos a criar os nossos filhos para que eles possam crescer confiantes e felizes. Felicidade e confiança estão relacionadas? Definitivamente.

Artigo originalmente escrito para o Jornal Público e Revista Activa.

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